Aluízio Farias Batista fugiu e nunca mais foi visto. Foto: Arquivo |
Em
25 de fevereiro de 1984, época de Carnaval, um atropelamento causado por um ônibus
da empresa Guanabara abalou a cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte.
Foram dezenove pessoas mortas e doze pessoas gravemente feridas, além de
dezenas de pessoas feridas levemente durante os festejos de do bloco de carnaval
‘Puxa-Saco’.
O
atropelamento que completou 30 anos ficou conhecido como a “Tragédia do Baldo”
e foi provocado pelo motorista de ônibus Aluízio Farias Batista, que ao ser
informado que trabalharia além do expediente naquele dia, ficou com raiva e teria
atropelado várias pessoas durante um bloco de carnaval, como afirmam relatos da
época.
Aluízio
Farias teria que realizar uma viagem extra durante a madrugada para transportar
membros de uma escola de samba que iriam do bairro do Alecrim para o bairro das
Rocas.
A
tragédia ocorreu a 0h50, do dia 25 de fevereiro de 1984, um sábado de Carnaval,
entre as avenidas Coronel Estevam no bairro do Alecrim e Rio Branco no bairro
da Cidade Alta, onde fica localizado o viaduto do Baldo.
Segundo laudo pericial do ITEP os sistemas de direção e segurança do ônibus estavam funcionando perfeitamente naquele dia. Foto: Arquivo |
Segundo
relatos do processo, ao chegar ao bairro do Alecrim, com o ônibus já cheio de
dirigentes da escola de samba Malandros do Samba, teria acontecido um
desentendimento entre o motorista e os integrantes da escola de samba devido à
euforia dos integrantes dentro no ônibus. Apressados para ir embora, os
passageiros começaram a puxar a campainha do ônibus, o que teria irritado Aluízio
Farias.
Com
o desentendimento, Aluízio saiu em alta velocidade (em torno de 60/70 km
segundo o acusado) pelas avenidas Coronel Estevam e Coronel José Bernardo (hoje
Rio Branco), sem respeitar os semáforos durante o percurso. Após reclamações
dos passageiros, ele teria respondido: "Se tiver que morrer, morre todo
mundo", segundo relatos do processo.
Mesmo
com os pedidos de calma por parte dos passageiros, Aluízio continuou com o
ônibus em alta velocidade pela avenida Coronel Estevam que cruza em total o
bairro do Alecrim.
Segundo
relatos da época, na chegada ao trecho sob o viaduto do Baldo, Aluízio bateu a
traseira do ônibus ao fazer a curva antes da subida, próximo à porta de
desembarque, na lateral dianteira de um Fusca, que estava estacionado no canteiro
logo após a antiga Praça Carlos Gomes. A batida mudou a trajetória do ônibus,
jogando-o para cima do bloco 'Puxa-Saco', que passava naquele momento do outro
lado da avenida.
De
acordo com o promotor José Maria Alves, responsável pelo processo na época, revelou
que após o impacto o veículo dirigido por Aluízio Farias atropelou vários
integrantes e acompanhantes da banda 'Puxa-Saco' que, após ligeira parada à
praça Carlos Gomes, já retomava sua caminhada rumo ao bairro das Rocas.
O
ônibus passou pelo meio do bloco em alta velocidade, atingindo os cerca de 5
mil foliões num trecho de 86 metros, já na subida da avenida Rio Branco. Após atropelar
os integrantes do ‘Puxa-Saco’ Aluízio Farias fugiu, depois prestou depoimento,
e voltou a fugiu novamente e nunca mais foi encontrado.
A
tragédia do Baldo praticamente acabou com o carnaval de rua em Natal, devido ao
trauma que causou em toda a população na época. Aluízio Farias Batista só foi
condenado pelo crime em maio de 2009, 25 anos após a tragédia.
Aluízio
Farias foi condenado à revelia, uma vez que o mesmo continua desaparecido desde
o acontecido, quando fugiu e nunca mais foi visto. O crime mesmo tendo
acontecido em 1984, à denúncia só foi feita no ano de 1997 e teria prescrição
em 2017.
Antes de atingir os foliões do bloco 'Puxa-Saco' o ônibus da Guanabara bateu na parte traseira desse Fusca. Foto: Arquivo |
Segundo
o promotor público Augusto Flávio Azevedo, Aluízio Farias foi condenado por uma
única ação, a de bater com o ônibus no grupo que resultou na morte de 19
pessoas. Nesse caso, o artigo 70 do Código Penal estabelece que além da pena de
homicídio, escolhe-se um crime e aplica-se a metade da pena para as demais
vítimas.
Os dezenove mortos na tragédia do Baldo foram: Simone Banhos Teixeira, Wellington Teófanes de Assis, Walace Martins Gomes, Francisco Alves da Silva, Dinarte de Medeiros Mariz Neto, Abimael Florêncio Bernardo, Jaecy Cabral de Oliveira, Murilo Alberto Viana da Silva, Luiz Inácio da Silva, Esdras César da Silva, José dos Santos Xavier, Acelúsio Borges Gomes, Jethe Nunes de Oliveira, Benedito Alves da Silva, José Luiz da Silva, Milton Servita de Brito, José Félix de Lima, Astor dos Santos Dantas e Rizomar Correia dos Santos.
*Este resgate histórico e trágico em nossa cidade foi um pedido do leitor do blog, Edvanilson Lima. A pesquisa para a realização dessa matéria foi toda baseada nos relatos do processo aberto em 1984 e julgado apenas em 2009 e com informações de reportagens.
*Por: Rodrigo Klyngerr
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