Dos 21 bairros que compõem o maior complexo de saneamento básico do município, 18 deles começarão a receber, em breve, um comunicado da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande (Caern), autorizando a ligação da tubulação interna das residências à rede coletora de esgotos instalada nas calçadas. Com a interligação dos 21 bairros à Estação de Tratamento de Esgotos Central (ETE do Baldo), as contas passarão a ter um acréscimo de até 70% em seu valor. Os bairros de Nova Descoberta, Morro Branco e Candelária, que ainda estão em obras de adequação, poderão receber a autorização da ligação ao mesmo tempo dos demais. Isso porque a Caern solicitou celeridade à empresa que realiza os serviços.
emanuel amaral
Bairro de Nova Descoberta é um dos bairros mais atingidos pelas ligações clandestinas de esgoto
Os proprietários das residências serão os responsáveis pelo custeio da ligação da tubulação interna ao coletor da Companhia. O valor a ser gasto para que a tubulação da residência se conecte à rede externa, oscilará de acordo com a distância entre a fossa e a caixa coletora, além dos materiais a serem empregados na realização do serviço. A Companhia encurtou a distância e os custos a serem pagos por seus clientes, ao colocar a caixa de coleta nas calçadas. “Nós investimos mais de R$ 1 milhão com a colocação das caixas coletoras mais próximas das fossas, nas calçadas”, afirmou o presidente da Caern, Sérgio Pinheiro.
Caso tal investimento não tivesse sido custeado pela estatal, cerca de 2.960 residências espalhadas pelos bairros de Nova Descoberta, Morro Branco e Candelária, teriam que desembolsar um montante de R$ 363,22 cada. “A obrigação da empresa é colocar a tubulação na rua. Nós decidimos colocar nas calçadas para que o processo não demorasse mais”. Cerca de 10 mil pessoas serão beneficiadas com as obras de saneamento que estão sendo realizadas.
Os valores cobrados, normalmente, pela ligação dos ramais (rede de esgoto) variam de R$ 371,14 a R$ 809,55, dependendo do tipo de pavimentação da rua ou avenida. “Caso alguma pessoa decida construir um prédio ou uma casa posteriormente às nossas obras, terá que arcar com os custos da ligação”, comenta o diretor da Caern, Sérgio Pinheiro. Além dos custos da ligação, o proprietário precisará contratar encanador, pedreiro e comprar o material de construção.
Uma outra mudança que ocorrerá posteriormente à conexão das tubulações residenciais com as da Caern, será o valor da conta de água. O serviço de esgotamento sanitário é cobrado mensalmente nas contas de alguns bairros de Natal. Como a ligação da rede é obrigatória, o custo será repassado a todos os clientes a partir da autorização das ligações pela concessionária.
O valor deste serviço é um percentual da conta de água, e por isso, depende diretamente do consumo de cada casa. No sistema convencional de esgotamento, o percentual é fixado em 70% do valor do consumo de água, como ocorre em bairros como Candelária e Lagoa Nova, recém-saneados. No sistema condominial, a comunidade faz a manutenção do sistema e o percentual é fixo em 35% do valor consumido, o que é feito pelas comunidades do bairro das Quintas e Rocas, que tiveram seu saneamento realizado há alguns anos.
Sérgio Pinheiro reitera que os proprietários dos imóveis só devem realizar as ligações quando receberem o comunicado. “Já registramos inúmeras ligações clandestinas na nossa rede de esgotos e isso só atrapalha o andamento dos serviços”. Ele comenta que a compreensão e apoio da sociedade são de suma importância nesse processo de expansão do saneamento básico em Natal.
Com o funcionamento da ETE do Baldo, cerca de 350 mil pessoas serão beneficiadas e o índice de coleta e tratamento de esgotos, em Natal, subirá de 33% para 61%. Sérgio espera que o fato ocorrido anos atrás, quando o Ministério Público precisou intervir nas residências de Ponta Negra, para que as ligações fossem realizadas, não se repita. “Sabemos que muitas pessoas argumentarão em relação ao valor da ligação, mas o grande benefício é a melhoria da qualidade de vida”.
Caern explica os custos da ligação de esgoto em Natal
Além do valor que foi pago pela Caern com a colocação das caixas coletoras nas residências em processo de saneamento, os proprietários terão o custo de conectar a tubulação da concessionária à tubulação da sua casa. O valor final dessa obra oscilará de acordo com a distância entre a fossa e a caixa coletora, na calçada. Nos imóveis mais antigos, onde as fossas são localizadas nos fundos, o custo será um pouco mais alto. Para a realização deste serviço não será necessária a autorização de nenhum órgão ambiental ou de engenharia.
Para a população de baixa renda, cadastrada na Caern como beneficiários da Tarifa Social, o custo da ligação não será da Companhia e sim de cada proprietário. Além disso, o valor da taxa de coleta de esgoto será calculado em cima do valor fixo de R$ 4,58 que é cobrado pelo fornecimento de água independente da quantidade de litros consumida, o que diverge dos demais usuários que não são beneficiados pela Tarifa Social. A maioria dos inscritos nesse programa se concentra em bairros nos quais a rede de esgoto é a convencional e o acréscimo no valor da conta será de 35%.
Para os moradores que moram em áreas recém-saneadas, como os bairros da zona Sul, por exemplo, o valor da tarifa cobrada para o fornecimento de água pela estatal é de R$ 22,72. Acrescido a este montante, é calculado o acréscimo pela quantidade de litros utilizada e, a partir da ligação da rede, mais 70% em cima do valor total da conta.
Perigo das ligações clandestinas
No período das chuvas, é muito comum o transbordamento das lagoas de captação das águas pluviais, que são de responsabilidade da prefeitura. O acúmulo de lixo reflete, em alguns casos, nas enchentes na área urbana da cidade, comum no entorno da Lagoa de São Conrado, por exemplo. As ligações clandestinas são realizadas quando o proprietário conecta a tubulação que capta a água da chuva nos tubos da Caern.
A capacidade das redes coletoras de esgoto é inferior a da tubulação que colhe as águas pluviais, devido ao seu volume quando as precipitações são mais intensas. Como não existe conexão entre as duas redes, os imóveis não podem canalizar esta água para a rede de esgoto. Isso se configura em uma ligação clandestina que deve ser evitada para que não ocorram problemas.
Quando os usuários fazem tais ligações surgem os extravasamentos, em períodos de chuva, que são aquelas pequenas colunas de água saindo dos poços de visita. Isso ocorre porque a tubulação de esgoto foi projetada para receber somente esgoto. Na prática, a água da chuva jogada irregularmente empurra o esgoto para as ruas e para os mananciais que abastecem as cidades, quando a população faz a ligação de rede de esgoto na malha de drenagem. A drenagem irá despejar esgoto in natura no mar, rios, lagos e lagoas.
Orientação
Veja abaixo o que fazer para evitar problemas na rede de esgotos.
Não plantar árvores próximas aos canos e caixas;
A pia da cozinha deve sempre ser ligada a uma caixa de gordura;
A caixa de gordura serve para reter a gordura e evitar que ela entupa os canos, tendo que ser limpa toda semana com a retirada do acúmulo de resíduos;
Não jogar no vaso sanitário ou lavanderia, nada que possa entupir os canos (plásticos, papéis, panos e fraldas, absorventes, resto de comida e preservativos;
É crime fazer ligações de esgoto nas tubulações de água da chuva e também é crime ligar água de chuva na tubulação de esgoto.
*Reportagem retirada do site do Jornal Tribuna do Norte
*Repórter: Ricardo Araújo
*Site: www.tribunadonorte.com.br
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