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Foto: Alex Régis |
Segundo o engenheiro fiscal da Caern, Cícero Fernandes, o sistema de “captação de odores”, que impede o vazamento do mau cheiro causado pelo esgoto parado, em tratamento, precisou de alguns ajustes. “Normalmente, esse tipo de estação não precisa desse sistema porque as unidades ficam distantes dos centros urbanos, mas nós estamos em uma área residencial”, aponta. Além disso, foram encontradas infiltrações em câmaras utilizadas para receber o esgoto, ainda na fase de testes com água. Esses problemas estão sendo corrigidos, de acordo com Cícero Fernandes.
Uma outra pendência é a disponibilidade de funcionários com treinamento técnico adequado. Atualmente, há 12 técnicos em treinamento, todos oriundos da Construtora Odebrecht, responsável pela obra. Nos termos do contrato entre a construtora e o Estado, no início da operação da ETE a Odebrecht irá fornecer apoio especializado e treinamento aos funcionários públicos designados para trabalhar na estação. O treinamento está sendo realizado com especialistas da Bahia e do Espírito Santo.
Apesar de ter sido inaugurada pela então governadora Wilma de Faria em março desse ano, ainda hoje é possível encontrar operários da Odebrecht trabalhando na Estação do Baldo. Os responsáveis afirmam se tratar de “acabamento” ou “ajustes”. A reportagem perguntou a um dos engenheiros qual o prazo para que a empresa termine o seu trabalho, mas ele afirmou não ter autorização para dar informações à imprensa.
Mesmo que estivesse com tudo pronto, a Estação de Tratamento ainda não poderia entrar em funcionamento, pois faltam licenças do Idema. Segundo a Assessoria de Imprensa do órgão, a licença para o início da fase de testes com esgoto deve ser concedida na próxima semana. Depois disso, após um relatório da Caern confirmando a capacidade de pleno funcionamento, a ETE recebe uma Licença de Operação para operar.
Enquanto os entraves ambientais e burocráticos não são solucionados, a ETE trabalha na confecção e aquisição de um material denominado pelo engenheiro fiscal como “lodo”. Trata-se de um componente fundamental ao processo de tratamento, pois contém micro-organismos responsáveis pelo “tratamento biológico” do esgoto bruto. Esse lodo é produzido na própria estação, adicionando alguns micro-organismos, principalmente bactérias, ao esgoto recebido ou simplesmente comprado. Para o funcionamento da ETE do Baldo são necessários 120 metros cúbicos de “lodo”.
Estação de Tratamento vai receber esgoto de 21 bairros
O tratamento dos esgotos na ETE é fracionado. O processo tem várias fases, desde a separação das partes sólidas e líquidas até o descarte do esgoto, devidamente tratado e desinfectado, no rio Potengi. A Estação irá receber esgotos coletados em 21 bairros de Natal. O investimento é de R$ 84 milhões, financiados pela Caixa Econômica Federal.
O primeiro passo do tratamento é separação do esgoto dos entulhos que chegam junto. Duas esteiras fazem a separação, retirando a matéria sólida de até dois centímetros. Uma nova fase de separação acontece, onde as partículas maiores de três milímetros são retiradas. Finalmente, em um novo processo, é retirada a areia propriamente dita. O esgoto está pronto para começar a ser “clarificado”.
A próxima fase conta com a participação do “lodo” citado por Cícero Fernandes. Lá, nas oito câmaras disponíveis, os micro-organismo chegam a ser responsável por 70% do tratamento. O primeiro processo dessa fase é feito sem a presença do ar, enquanto a segunda com a presença do ar. Nessa segunda fase, ocorre a oxidação do material orgânico, que segue para a decantação. Aqui, o que restou de material sólido “decanta”, ou seja fica depositado no fundo do reservatório. O que for sólido volta para ser tratado por processos químicos. O que for líquido vai para a câmara com raios ultravioleta. Desinfectados, seguem para o Potengi.
*Reportagem Tribuna do Norte
*Site: www.tribunadonorte.com.br
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